28.10.08

Pixação


Será que é mesmo um problema? O Duchamp tirou uma com a cara de quem fazia arte e esses caras fazem a mesma coisa ao meu ver.
Questionar o que é arte pra mim é bacana até porque deixar a bienal vazia é uma grande idiotice. Abram pra grafiteiros itinerantes.
Já no beco pintem por cima. O grafite é feito para acabar, senão seria feito, colocado moldura pra apodrecer num corredor de uma das casas que vai cair uma pipa nossa. O grafite é feito na rua e o próprio tempo se encarrega de pichá-lo.
Se pichassem um obra minha eu picharia a pichação deles, nada mais.
Voltemos a época dos Felas e tentemos acreditar que algum propósito isso tem além de Os de ver a coisa somente como fruto social de uma pós ditadura de população carente, sem educação, sem repertório para falar e por isso só escrevem o nome deles ou o nome de seus grupos.

Vejam mais coisas no blog: http://repique.blog.terra.com.br/fotografo_conta_detalhes_da_pichacao_na_
ou no flickr do fotógrafo
http://www.flickr.com/photos/choquephotos/sets/72157607397735248/

Ela queria casar com Icaro


http://www.gizmodo.com.br/conteudo/asa-cyberpunk-%C3%A9-realmente-sexy

CLM BBDO de Paris - Alka Seltzer





Vai votar em quem

Pela primeira vez me preucupo mais com vaotação dos estados unidenses do que com a de São Paulo

http://theworldfor.com/

24.10.08

MAU HUMOR

(Lula Vieira - Publicitário )


Não me lembro direito, mas li numa revista, acho que na Carta Capital, um artigo levantando a hipótese de que todo cara que tem mania de fazer aspas com os dedinhos quando faz uma ironia é um chato.

Num outro artigo, alguém escreveu que achava que jamais tinha conhecido um restaurante de boa comida com garçons vestidos de coletinho vermelho.


Joaquim Ferreira dos Santos, em 'O Globo' de domingo, fala do seu profundo preconceito com quem usa 'agregar valor'.


Eu posso jurar que toda mulher que anda permanentemente com uma garrafinha de água e fica bebendo de segundo em segundo é uma chata. São preconceitos, eu sei.


Mas cada vez mais a vida está confirmando estas conclusões. Um outro amigo meu jura que um dos maiores indícios de babaquice é usar o paletó nos ombros, sem os braços nas mangas. Por incrível que pareça, não consegui desmentir. Pode ser coincidência, mas até agora todo cara que eu me lembro de ter visto usando o paletó colocado sobre os ombros é muito babaca.


Já que estamos nessa onda, me responda uma coisa: você conhece algum natureba radical que tenha conversa agradável? O sujeito ou sujeita que adora uma granola, só come coisas orgânicas, faz cara de nojo à simples menção da palavra 'carne', fica falando o tempo todo em vida saudável é seu ideal como companhia numa madrugada? Sei lá, não sei. Não consigo me lembrar de ninguém assim que tenha me despertado muita paixão.


Eu ando detestando certos vícios de linguagem, do tipo 'chegar junto', 'superar limites', 'focar', essas bobagens que lembram papo de concorrente a 'big brother'. Mais uma vez, repito: acho puro preconceito, idiossincrasia, mas essa rotulagem imediata é uma mania que a gente vai adquirindo pela vida e que pode explicar algumas antipatias gratuitas


Tem gente de quem a gente não gosta logo de saída, sem saber direito por quê. Vai ver que transmite algum sintoma de chatice.


Tom de voz de operador de telemarketing lendo o script na tela do computador, repetindo a cada cinco palavras a expressão 'senhoooor' e dizendo que 'vou estar anotando' e 'vamos estar providenciando' me irrita profundamente.


Se algum dia eu matar alguém, existe imensa possibilidade de ser um flanelinha. Não posso ver um deles que o sangue me sobe à cabeça. Deus que me perdoe, me livre e me guarde, mas tenho raiva menor do assaltante do que do cara que fica na frente do meu carro fazendo gestos desesperados tentando me ajudar em alguma manobra, como se tivesse comprado a rua e tivesse todo o direito de me cobrar pela vaga.


Sei que estou ficando velho e ranzinza, mas o que se há de fazer?


Não suporto especialista em motivação de pessoal que obrigue as pessoas a pagarem o mico de ficar segurando na mão do vizinho, com os olhos fechados e tentando receber 'energia positiva'. Aliás, tenho convicção de que empresa que paga bons salários e tem uma boa e honesta política de pessoal não precisa contratar palestras de motivação para seus empregados. Eles se motivam com a grana no fim do mês e com a satisfação de trabalhar numa boa empresa.


Que me perdoem todos os palestrantes que estão ficando ricos percorrendo o país, mas eu acho que esse negócio de trocar fluidos me lembra putaria.


E, para terminar: existe qualquer esperança de encontrar vida inteligente numa criatura que se despede mandando 'um beijo no coração'?

23.10.08

Axe suor

Acessibilidade

Quando vejo um filme como esse me pergunto: Para quem fazemos publicidade?
Fico muito evidente que excluímos boa parcela da população, e com isso marginalizamos pessoas com algum tipo de dificuldade.
A publicidade dita muita coisa. Já se istituiu de certa forma a ética, falta agora a inclusão.


22.10.08

EGO x EGO

É, esperar o que de pessoas que foram empregados de loucos como Mainardi?

21.10.08

Uma conversa com o Felipe sobre o texto abaixo

felipe diz:
ou
felipe diz:
quem é fabio fernandes?
felipe diz:
rs
felipe diz:
caralho, me deu vontade de acabar com a raça de algum inimigo
felipe diz:
rs
felipe diz:
tudo bem
felipe diz:
deixa
felipe diz:
já li no Wikipedia
felipe diz:
rs
felipe diz:
acho que pagaria uns 1000 reais para ver a cara do Nizan lendo isso
felipe diz:
e pagaria uns 50 reais para ver a cara do Daniel
felipe diz:
rsrsrs
felipe diz:
a proposito
felipe diz:
who the fuck is Sergio?
(ô¿Ô) - icaro diz:
ahahah
(ô¿Ô) - icaro diz:
trampa comigo
(ô¿Ô) - icaro diz:
Dir de arte
(ô¿Ô) - icaro diz:
bom o texto né?
felipe diz:
sei la se é bom
felipe diz:
foi uma puta crítica
felipe diz:
isso sim
felipe diz:
nao estou dentro de nenhuma das agencias do Nizan
felipe diz:
para ver se concordo que o cara está mediocrizando as "firmas"
felipe diz:
muito menos sei quais propagandas sao assinadas por algum profissional do baiano
felipe diz:
e quais sao do FFernades
felipe diz:
mas foi uma bela dedada no cu do Nizan
felipe diz:
ah isso foi viu?!
felipe diz:
rs
(ô¿Ô) - icaro diz:
rs
felipe diz:
e o Sergio?
(ô¿Ô) - icaro diz:
pode talvez não ser perfeito
(ô¿Ô) - icaro diz:
mas o sentimento de muita gente
(ô¿Ô) - icaro diz:
inclusive o meu
felipe diz:
mas se ele botar um cheque de 500mil/ano na tua mesa
felipe diz:
vc amassa o sentimento e joga no lixo
felipe diz:
ou
felipe diz:
vira e escreve no verso
(ô¿Ô) - icaro diz:
aí volto no email do Daniel
(ô¿Ô) - icaro diz:
Fê, na boa, trabalho pra ser feliz também
(ô¿Ô) - icaro diz:
é o mínimo que peço pra continuar fazendo
(ô¿Ô) - icaro diz:
se não concordo não faço
(ô¿Ô) - icaro diz:
é justamente por isso que tem uma caralhada de gente boa fora do mercado, muito mais do que atualmente trabalha
(ô¿Ô) - icaro diz:
porque o filhadaputa do criativo tá pouco se fudendo se vai ser rico ou não
(ô¿Ô) - icaro diz:
ele normalmente não se conforma e sai fora
(ô¿Ô) - icaro diz:
e vai ser feirante, dono de buteco ou instrutor de mergulho no caribe
(ô¿Ô) - icaro diz:
O dinheiro é uimportante pra caralho, mas tá longe mesmo de ser o mais importante e o que eu estou dizendo não é ipocrisia, caralho
(ô¿Ô) - icaro diz:
tô aqui fazendo o que eu gosto e acredito
(ô¿Ô) - icaro diz:
neste momento estou fazendo um anúncio que sei lá se vai rolar, tô recortando um ps pra pichar o escritório do Rio e depois sair pichando nas ruas de Smapa e do rio e tô filmando umas cápsulas do Wildner, o diretor de criação cego
(ô¿Ô) - icaro diz:
Porra, essas são as coisas que acho relevante, apesar de que o que da dinheiro é colocar um relógio na home do uol com a maldita marca do itau do lado
(ô¿Ô) - icaro diz:
é, foi um desabafo, rs
felipe diz:
vc já está ganhando mais do que sua responsabildiade teoricamente permite
felipe diz:
entao sossega
felipe diz:
o cara está vendendo escala
felipe diz:
e para se ter escaça
felipe diz:
escala
felipe diz:
vc precisa simplificar algumas coisas
felipe diz:
ou mediocrizar, como quiser
felipe diz:
é só mais um jeito de fazer o seu negócio
felipe diz:
se não gostou
felipe diz:
sai fora
felipe diz:
vai para o concorrente
felipe diz:
ele pode ser um fdp
felipe diz:
mas criou aquilo que é talvez a maior empresa do ramo dele na america latina
felipe diz:
deve ter alguma competencia
felipe diz:
ou entao
felipe diz:
todo mundo que o ouve e acredita nele é estúpido
felipe diz:
pode ser tb
felipe diz:
eu sempre desconfiei da inteligencia dos letrados
felipe diz:
gente formada em harvard sabe
felipe diz:
vc pensa
(ô¿Ô) - icaro diz:
competência com negócio, ok, mas negócios ao meu ver não deve mediocrizar as pessoas, nem subjugá-las
felipe diz:
porra, o cara deve ser foda
felipe diz:
e na verdade
felipe diz:
o cara so consegue decorar uma porra de info
(ô¿Ô) - icaro diz:
também tenho medo de letrados
felipe diz:
e fala de forma estruturada e clara
(ô¿Ô) - icaro diz:
mas tenho mais medo de coronéis
felipe diz:
só isso
felipe diz:
mas fico esmiuçando para ver cade a opiniao propria
felipe diz:
e nao vejo nada
(ô¿Ô) - icaro diz:
boa
felipe diz:
na verdade na verdade
felipe diz:
a elite é no geral bem limitada
(ô¿Ô) - icaro diz:
acho que vou publicar esse nosso texto no blog
(ô¿Ô) - icaro diz:
me parece útil
(ô¿Ô) - icaro diz:
posso?
felipe diz:
em número de pessoas e de neurônios
felipe diz:
pode
(ô¿Ô) - icaro diz:
rs
felipe diz:
pode enfiar no rabo tb se quiser
felipe diz:
nao serve para nada mesmo
(ô¿Ô) - icaro diz:
vc é mesmo um cuzão
felipe diz:
o texto e o seu rabo
felipe diz:
rs
(ô¿Ô) - icaro diz:
gostei dessa frase: a elite é no geral bem limitada em número de pessoas e de neurônios.
(ô¿Ô) - icaro diz:
ela vai ser minha a partir de hoje
felipe diz:
se pegar alguma gostosa rebelde por causa disso
felipe diz:
vou cobrar pedagio
felipe diz:
cocotinhas...
felipe diz:
tchau

Sobre eu e Nizan

Abaixo uma carta que recebi sobre a discussão do Fábio Fernandes e Nizan Guanaes,

Pessoal,

Achei que devia escrever a vocês para falar sobre o Maximidia e o debate/embate que eu travei com o Nizan.
Acho que não é novidade para os mais próximos e os nem tão próximos que tenho diferenças profundas, quase religiosas,
na visão sobre o que é e o que deve ser o negócio, o objetivo do trabalho, a missão, os processos, a forma e o conteúdo
do prodtuto final de uma agencia de propaganda, em relação ao dito personagem - pra mim, uma caricatura de ser-humano,
dublê de político populista e novo-rico deslumbrado, comediante de frases de efeito repetidas à exaustão, arremedo de
empresário anti-ético e criativo anti-estético.
Nunca escondi - nem dele - que o acho vil, pernicioso à nossa indústria, predador, oportunista, aproveitador, manipulador.
Nunca deixei de observar e comentar que todo o tempo em que ele esteve criador, foi um tempo que ele utilizou apenas para
forjar um personagem que, com tino e capacidade de observação, o levaria a ter seu próprio negócio, onde ele reproduziria não
aquilo que ele almejou como empregado mas, ao contrário, os piores modelos, os piores ambientes internos, piores lugares comuns,
entre todas as agencias em que ele trabalhou. Desde que isso, convenientemente, implicasse em fazê-lo mais forte, mais rico, mais poderoso.
Nizan é um caso típico de uma pessoa que quanto mais tem mais quer. E que quanto mais quer menos mede esforços e as
consequencias nefastas dos atos que ele pratica para ter mais. Ele é o exemplo pronto e acabado da insustentabilidade.
Se fosse presidente dos EUA não seria em nada diferente de Bush - só o discurso seria mais engraçado. Mas invadiria o
Iraque, deportaria estrangeiros, perseguiria minorias, poluiria a atmosfera, cagaria para o mundo. O que interessa para ele
é ele. E por ele, acha ele, que pode, ele, tudo.
Mas a minha questão mais vital em relação a ele, é o fato de que - queira eu ou não - ele se transformou em uma celebridade
da propaganda brasileira. Os incautos, os bobos da corte, os novatos, os leigos, os incultos, clientes inclusive, publicitários inclusive,
imprensa, principalmente, inclusive, o acham o máximo. E eu, que convivo muito bem com as minhas invejas, meus desencantos, meus
fracassos, não teria nada a objetar se ele o fosse de fato. Portanto não é este, em nenhuma hipótese, o meu problema com ele.
O meu imenso, colossal, infinito problema com ele é que, amparado por essa "populariadade", "unanimidade", "superioridade" ele diz o
que quer, do jeito e na hora que quer, destruindo o que quer, com voz e pompas de "representante da categoria".
Agencias que produzem trash for cash (ou, lixo por dinheiro, em bom português) existiram e existirão sempre. Na realidade,
em boa parte elas até nos ajudam a sermos melhor percebidos como inovadores, originais, cuidadosos, diferentes.
O Brasil, entretanto, é o único país do mundo onde a publicidade tem no discurso do seu maior expoente que "o que é bom é feito
para ser copiado", "propaganda criativa é bobagem", "eficiência é o contrário de originalidade", ou as pérolas que ouvimos no
próprio Maximídia "momento de crise não momento de inovar". Ou seja: na falta de capacidade ou de vontade de fazer boa propaganda,
propaganda de qualidade (o que, obviamente, na nossa opinião passa obrigatoriamente por inovação, criatividade, excelência na execução e excitação do
pessoal interno de uma agencia de propaganda) o que ele faz - oficialmente - é nos colocar na posição de meninos traquinas,
revoltadinhos de plantão, criativos irresponsáveis que querem brincar com o dinheiro dos clientes, enquanto ele finge que é Jack Welch,
Warren Buffet ou Armínio Fraga. Nizan não sabe mais quem ele é. Ele é publicitário mas quer fingir que é analista econômico. Foi criativo
mas gostaria mesmo era de ser dono da Ambev. Tem um business microscópico mas arrota ares de colega de turma de um Jorge Gerdau.
Mas eu sei quem é Nizan. É um demagogo. Ele sabe bem que o discurso do tradicionalismo, do conservadorismo, da mediocridade, da pasteurização, agrada em cheio a uma imensa gama de bundões de plantão que preferem demitir do que investir. Preferem temer do que empreender,
preferem dividir os prejuízos, já que nos lucros ele posa com a esposa em sandálias de 3.200 reais em seu apartamentoem Paris. Preferem disseminar o caos, porque a alegria dos bons momentos ele rega com champagne em festas particulares com celebridades estéreis e etéreas de ultima hora.
Na publicidade, que afinal é o meu negócio, embora sempre que eu fale nisso ele ache que o assunto está infantil demais (lembrem-se, ele é um
business man) ele sabe também que há bundões prontos a gastar mais para contratar uma meia dúzia de artistas famosos, cantando um jingle com uma logomarca formada por funcionários da empresa, do que se "arriscarem" a criar um posicionamento de verdade, uma linguagem proprietária, um estilo único e próprio.
Na visão desse chupa-sangue de plantão, ele está certo. Tanto que acerta duas vezes com uma mesma tacada: acalenta os desejos mais primitivos de um ou outro cliente cagão e ainda fatura muito mais em cima do trouxa que tem que enfiar todo o dinheiro do mundo para ser ouvido/visto/lembrado com uma bobajada cheia de clichês e formulinhas baratas, que definitivamente não sobreviveriam a um plano de mídia comprado com poucos recursos. De quebra, ele ainda usa todo o seu arsenal de repetidores e baba-ovos da imprensa e arredores para confirmar que um monte de estrume na verdade é um pote de ouro.
E o bobo alegre que aprovou e pagou pela campanha, acha que fez a coisa certa de novo.
Reis nus. Que se sentem vestidos com o melhor da tecnologia e design da indústria textil. E eu, daqui do alto da minha inocência, só
vejo que eles têm pênis pequenos.

Não é à toa que ele está tão preocupado com a crise de liquidez que todos vamos enfrentar nos próximos tempos. Ele sabe que o dinheiro,
quanto mais valioso e raro fica, melhor tem que ser aplicado. E, com menos dinheiro, é a inteligência o que a propaganda vai voltar a exigir.
Quanto mais economizarmos, compensados por uma mensagem forte e memorável, mais eficientes seremos para os nossos clientes.
Ninguém lembra de um amigo medíocre que fala pouco, alguns até se recordam de um amigo chato que fala muito, mas todos sentem saudades do amigo genial que falava coisas legais. Ou seja: o modelo de negócio dele desmoronou. A festa acabou para quem não passava de vendedor de um montão de espaço na mídia e começou para quem tem o Que e o Como dizer nesse espaço, que será inevitavelmente menor.
E isso ele não sabe fazer.

Isso foi o que suscitou o nosso duelo na última quinta feira.
Ao contrário do que ele ainda tentou fazer alguns crerem, eu não estava discutindo sobre o ofício da criação ou sobre "leões em Cannes".
Ao contrário do que ele fingiu que estava acontecendo, a nossa discussão não era sobre a criatividadezinha e os sonhos dos seus pequenos
criadores.
Nós discutíamos sim era sobre uma questão que, apesar de tudo, ele mesmo ainda tem senso crítico suficiente para entender, mesmo que
intimamente isso seja altamente doloroso, já que foi o que um dia ele mesmo já tanto defendera. Nós estávamos discutindo caráter.
Porque, ao contrário dos que não oferecem o melhor para os seus clientes por falta de recursos, talento, ferramental, essa mediocrização
a que ele está submetendo as agencias controladas por ele é um esforço premeditado para esvaziar toda e qualquer possibilidade de
que o discurso dos que fazem melhor, com mais interesse, mais cuidado, mais compromisso e mais responsabilidade se reestabeleça.
O trabalho que as agencias do Nizan faz, a maneira como ele trata seus funcionários, as propostas comerciais indecorosas que elas oferecem aos seus clientes, não seriam um problema tão grande se não fosse o fato, como eu já disse, de que o discurso que o embasa é avassaladoramente mais potente que o que nós e outros poucos como nós, conseguimos rebater daqui.
Quando alguém vende a alma ao demônio isso deixa de ser um problema exclusivamente dele quando esse alguém vai à Caras, à Exame e à Veja
para convencer a todos de que vender a alma é o certo.

E o que aconteceu de bom no final de tudo isso? Na minha opinião, várias coisas.
A primeira é que muitos agora viram que o que ele diz não é uma verdade. É uma opinião viciada, interesseira e oportunista.
E não é a opinião do resto do mercado.
Segundo, é que outros que pensam como nós entenderam que ele pode e deve ser confrontado.
Terceiro, é que se definiram claramente os discursos e as práticas no dia a dia. Agora, já pode-se começar a entender
que mediocridade e mesmice são apenas uma opção e, tanto são uma opção, que têm um lugar (ou um grupo) certo onde podem ser solicitadas.
Mas existem sim outras opções e nós estamos na ponta entre as agencias de propaganda latu-sensu que oferecem essa opção.
Quarto, é que sempre é bom ver os que se fazem de bonzinhos e corretos finalmente mostrando as suas garras e suas verdadeiras
motivações. Naquele mesmo dia à tarde o Nizan me telefonou aqui na agencia. Como eu não o atendi, deixou, literalmente, o seguinte recado
com a Sueli: "Diga ao Fábio que ele é viado, frouxo, que ele me bate em público mas se ele for homem que telefone para mim!"
Disse também, mais tarde, em um jantar com pessoas que me conhecem que "Eu só não bati em Fábio Fernandes porque ele estava
maquiado - e eu não bato em homem maquiado". Para os que não entenderam o enigma (como eu, que fui perguntar a uma pessoa
que o conhece) ele acha que eu... passo lápis nos olhos. Sim, acreditem. Alguém, inclusive, já o ouviu relatando que alguém lhe contou
que uma certa vez, sob a chuva, o lápis dos meus olhos borrou e eu corri para colocar os óculos escuros.... :-)))))
Inacreditável, mas é a mais pura verdade. Foi a esse ponto que esse sujeito chegou.

Por isso mesmo eu resolvi escrever a todos vocês sobre isso. Porque o que eu tenho a dizer sobre ele é bem pior do que seria
se ele apenas usasse lápis para ressaltar os seus lindos olhos. O que eu tenho a dizer sobre ele é claro, verdadeiro, profundo e cabal.
Fico feliz de não me maquiar, mas não teria problema nenhum em admití-lo se, ainda que absurdo, isso fosse verdade.
O duro para ele deve ser ouvir o que eu penso - e que a cada dia mais gente vem me dizer que foi bom eu dizê-lo porque é
o que quase todo mundo pensa - e, mesmo sendo a mais aguda verdade, não poder admití-lo.
Porque é revelador, comprometedor e devastador.

O rei está nu. E eu sei que ele não é de nada.




Fabio Fernandes

F/NAZCA SAATCHI & SAATCHI
Agency of The Year 1999, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007.

Activisme et sens de l’humour



fonte: http://www.marketing-alternatif.com/

16.10.08

9.10.08

A crise segundo um amigo meu

Quando a merda está esparramada na mesa, ninguém quer assumir a culpa.

Analistas estão dizendo que vai dar merda há anos! Em Maio de 2006, eu e os demais analistas lá na China recomendamos ficar fora da Bolsa devido ao risco de crise no mercado financeiro nos EUA, dissemos ser possível um “cataclisma financeiro”.

Não é preciso ser muito inteligente ou até mesmo conhecer profundamente finanças para ver que daria merda: a inadimplência das hipotecas vinha subindo há anos, volumes de venda das construtoras despencando há anos (as receitas continuavam crescendo por causa do aumento do preço única e exclusivamente), crédito/PIB nos EUA acima de 100% (no Brasil é 30 e poucos %, certo?) e por aí vai.

Quando o Bush começou seu segundo turno, disse em voz alta e bom tom: “se tem alguma coisa que não vai mudar nesse país é o padrão de vida americano”, esbravejava o MAD presidente, sujeito que é difícil perceber qualquer tipo de atividade cerebral inteligente dentro da caixa craniana.

Ok, parece justo um presidente pleitear isso para seu país. Mas de que padrão de vida estamos falando? De carros 6.0 que consome 10 litros de gasolina por km para um sujeito solteiro, idolatria ao consumo como se fôssemos consumidores antes de cidadãos ou indivíduos (mesmo que você não tenha um puto no bolso), e por aí vai de novo

Os caras estão se fodendo porque eles são como eles são: consumidores exagerados e irresponsáveis.

Então a culpa é dos consumidores? Não, o sistema financeiro tem boa parcela de responsabilidade porque proporcionaram esse consumo desregrado ofertando crédito e não pararam de dar dinheiro mesmo quando alguns indicadores elementares apontavam para o princípio do caos.

O governo é isento de culpa? Bom, se considerarmos que o papel fundamental de qualquer governo é controlar por meio de leis e intervir se necessário (apesar da insistência GVniana em acreditar que o melhor é ter um Estado mínimo), acho bem razoável afirmar que o governo americano é sim um dos responsáveis por essa porcaria toda.

É bem curioso ver agora os caras propondo um plano de auxílio de US$ 600 bilhões (US$ 100 por terráqueo, diga-se de passagem) depois de execrarem o governo brasileiro no caso do Banco Marka e Cidam e tantos outros governos em seus planos de auxílio financeiro a instituições falidas.

Vamos voltar um pouco mais no tempo. Quem foi mesmo que enfiou guela abaixo o Tratado de Bretton Woods? Bem...foi um tratado, e por isso implica (teoricamente) a cooperação e concordância de vários países envolvidos. Mas, quem foi o grande patrocinador desse plano doutrinador? Os EUA.

E não é que os próprios EUA são os que estão tentando implantar barreiras comerciais para controlar a entrada de produtos chineses que o povo americano está ávido por consumir? Não são eles mesmo que estão pensando formas mirabolantes do governo intervir na economia?

Vivemos em tempos de crise resultante de irresponsabilidade patrocinada por governos liberais, isso é fato.

Além de irresponsáveis e omissos, são também incoerentes. Conforme bem lebrou o Valor Econômico há alguns meses, para os EUA vale mesmo o liberalismo equanto for conveniente, mas agora que está todo mundo fodido, vamos tirar a poeira dos livros de Keynes e relembrar algumas teorias aprendidas na faculdade.

Se fosse cada um no seu quadrado, eu mandaria uma carta para a embaixada americana parabenizando pela merda toda que fizeram, porque para fazer uma merda desse tamanho tem que ser muito profissional mesmo. Até a Merrill Lynch foi pro ralo!!! Mas, nós vamos juntinhos de mãos dadas com eles, isso vai acontecer daqui alguns meses porque o braço americano é bastante longo...

PS: não parece o Bush? http://www.dccomics.com/mad/

2.10.08

XXX Diesel